terça-feira, 6 de abril de 2010

OutAno novo

Aquele dia estava com cara de início de outono. Lindo e triste.

Tem hora que é preciso nos impor a nós mesmos, que não podemos mais ficar a mercê do destino, da sorte ou da vontade do próximo, geralmente alheia.

Meu calendário interno brindou um ano novo fora de época, em busca daquela esperança e brilho no olhar, próprios da época.

Mas como em toda passagem, sempre há dois lados, duas partes, duas escolhas. E já que isso não é conto de fadas, nem tudo poderia ser feliz para sempre.

De repente a história tomou outro percurso, se certo ou errado, ainda não sei, mas diferente. Simples assim.

De repente parei. Pensei. Lembrei.

É... tem hora que as diferenças fazem realmente diferença.

Como justificar o auto-consentimento de que uma pessoa boa, sincera, honesta e preocupada com você deixe de fazer parte da sua rotina?

Talvez para a razão, para a ciência ou para a astrologia não tenha sentido. Talvez pra mim também não.

Pode ser que a religião, ou a falta dela, tenha me questionado sobre a importância da fé na vida do homem, por menor e qualquer que seja, ou então o jeito dele fechado de ser tenha causado algum receio, ou até o gosto quase opostos pelas músicas e festas. Até quando conviveriam (se é que conviveriam) com tantas diferenças? Os opostos realmente são felizes?

São em momentos como esse que sinto que a menina teimosa vai se afastando cada vez mais, cedendo espaço à mulher, com pouca experiência e cheia de incertezas, porém cada vez mais madura.

Pior do que tomar uma decisão em relação à outra pessoa, é assumi-la para você mesmo. Detectar seus erros, seus medos, suas inseguranças e mais que isso, aprender com elas.

Em determinado momento pensei em deixar tudo “pra lá” e simplesmente acolher no meu colo aquele menino vestido de rocha, que esbanjava um cheiro bom de saudade.

Mas o elegante relógio prata no seu pulso esquerdo lembrava-me que agora não havia como voltar. Tic-tac. O tempo passou rápido não só naquela conversa decisiva, mas nos últimos meses que dividimos rotinas. Passou tão rápido a ponto de me sentir despercebida.

Quantas coisas poderiam ter sido ditas... e quantas outras caladas.

Quantas coisas poderiam ter sido feitas... e outras anuladas.

Quantas coisas poderiam ter sido vividas... ou não.

Houve muitos bons momentos, regados de carinho recíproco, olhares sinceros, e falas interrompidas por risos e beijos. Mas teve o oposto também, uma montanha russa que desgasta e causa enjôo. E não tem como ser diferente até que a casca quebre e se abra para o novo. Que será conduzido de outra maneira, com outros princípios e posturas. Absolutamente novo!

Pode ser que essas asas que buscam alçar vôos maiores simplesmente se cansem, se percam ou descubram que seu verdadeiro horizonte, cheio de cores, de sol e de vida é aqui.

Mas enquanto isso, os dias continuam com cara de outono.